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Crítica - Uma Batalha Após a Outra

Confira na coluna do Maurício..

Maurício Comin
Por: Maurício Comin Fonte: Maurício Comin
01/10/2025 às 11h13
Crítica - Uma Batalha Após a Outra
Divulgação
Já estudamos através da História diversos eventos revolucionários que causaram grande impacto no mundo, e nos dias de hoje presenciamos uma parcela de eventos que mexeram com o status quo (desde a pandemia passando por protestos recentes como o da PEC da Bandidagem). E é natural que com o tempo e a idade, nossas prioridades acabem mudando, e o nosso desejo por um mundo melhor é frequentemente sabotado pela nossa visão cada vez mais pessimista da humanidade de que as coisas não vão mudar para melhor, mesmo que aqui e ali encontremos uma fagulha que reacende essa esperança. Algo que este Uma Batalha Após a Outra compreende e que é uma obra intensa, ambiciosa em sua temática e extremamente envolvente.

Trazendo a história de um ex-revolucionário que tem sua filha sequestrada por um antigo desafeto, Uma Batalha Após a Outra busca criar uma narrativa movimentada e que já joga o espectador in media res (quando a narrativa já se encontra em movimento), onde confesso que fiquei um pouco perdido nos primeiros minutos, mas conforme nos alinhamos com a narrativa, o roteiro vai estabelecendo um importante centro emocional para o espectador. E com quase três horas de duração, o filme jamais afrouxa o ritmo, já que sempre tem alguma coisa acontecendo, e muitos objetivos em jogo, o que mantém o espectador atento e sempre tenso, embora confesse que em certo ponto, a sequência de uma reunião de um certo clube me parece que foi feita apenas para permitir mastigar algumas informações ao espectador (que pode acabar se perdendo em meio aos muitos acontecimentos da história e com isso, estabelece o objetivo principal da narrativa). Por outro lado, os atos revolucionários que o filme traz em seu primeiro ato, por mais corajosos e dignos que sejam (e são), me soou ocasionalmente bobinho na forma como é discursado por alguns dos personagens, o que não os invalida, é claro.

Trazendo o diretor Paul Thomas Anderson experimentando pela primeira vez em uma obra que se aproxima de um filme de ação, é fascinante observar como o diretor se apropria do gênero sem perder as suas características (e ainda surpreende ao apostar em um surpreendente senso de humor). Com isso, o diretor mantém a disciplina dos seus enquadramentos (incluindo seus tradicionais longos planos), assim como a sobriedade frequente dos seus filmes (e isso inclui a sua paciência para contar a história) e até mesmo as sequências de ação impressionam pela disciplina com que são filmadas e pela calma com que são montadas, sempre nos mantendo a par do que está acontecendo e sem sacrificar a intensidade do que está sendo visto em tela (filmes de ação apostam em mais cortes na ação para ressaltar a velocidade dos acontecimentos e a grandeza dos mesmos), algo que pode ser comprovado em uma sequência memorável e que já nasce icônica: A da perseguição em uma longa estrada curvada, que é conduzida com uma calma que nos faz prestar atenção na beleza da cena e na sua grandeza visual, onde a câmera é praticamente levada ao chão e as estradas em curva se transformam em ondas visuais que remetem ao conceito de miragem.

Beneficiado também por atuações impecáveis de um elenco afiado (Leonardo DiCaprio está excelente como um homem que encontra dificuldades em retornar às antigas batalhas, onde só apenas o carinho pela filha que o faz sair da inércia, Sean Penn é fantástico e intenso, como de hábito, conferindo traços que transformam seu personagem em um ser desprezível, e os tiques faciais revelam muito da sua própria confusão mental, Benicio Del Toro está sensacional e divertido, Teyana Taylor confere sensualidade e valentia à sua personagem, Regina Hall – a eterna Brenda da franquia Todo Mundo Em Pânico – aqui faz uma das melhores atuações do filme, em uma performance discreta, mas reveladora, e Chase Infiniti se mostra a grande revelação do filme e comprova ser uma estrela em ascensão, onde traz imensa força para sua personagem, roubando o filme no processo) e de um trabalho técnico espetacular (a fotografia – rodada em película e com câmeras VistaVision – é um espetáculo à parte, conferindo uma crueza e uma textura visual de tirar o fôlego, a trilha sonora confere tensão à narrativa de forma quase ininterrupta, o design de som é imersivo e os efeitos especiais jamais chamam a atenção para si), o filme ainda busca comentar a situação política atual (em especial a americana), deixando bem claro sua mensagem política, e sou capaz de apostar que há muita coisa que será melhor absorvida nas revisões.

E o próprio título do filme reflete a própria vida, já que assim como os personagens, nós também lutamos nossas próprias batalhas que vêm uma atrás da outra, e que vêm com sacrifícios pessoais e mudanças de planos que vão muito além. E no fim das contas, a luta continua, e sempre fica a esperança para um mundo melhor, seja nessa geração ou na próxima.

Gênero: Ação/Drama
Duração: 161 Minutos
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Paul Thomas Anderson
Elenco: Leonardo DiCaprio, Sean Penn, Benicio Del Toro, Regina Hall, Teyana Taylor, Tony Goldwyn, John Hoogenakker e Chase Infiniti
 
Essas e outras críticas, você pode ler aqui:
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